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Latest Activity: Played Adapt or Die (Oct 6, 2023 12:57pm)

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    Apr. 09, 2009

Era o dia D. A operação que decidiria o futuro daquele confronto que já durava meia década atingia seu auge! O estrondo das artilharias ressoava pelas trincheiras; o som de mil, dez mil, um milhão de disparos ao mesmo tempo martelavam os tímpanos dos soldados que, já havia muito, abandonaram o sonho da supervivência e apenas se preocupavam em ajudar sua nação ao derrubar o máximo numero de soldados inimigos.

Um batalhão da primeira linha do exército invasor acabava de ser dispersado pela explosão quase certeira de uma rajada de artilharia. Dois cabos, amigos de longa data que se haviam alistado juntos um ano atrás, se arrastavam, lado a lado, por uma trincheira particularmente rasa, bem perto da primeira linha inimiga. Um deles, um furão de olhar ativo apesar da fadiga, parou ao sentir a mão de seu companheiro pousar em seu ombro de forma brusca.

-Espera um pouco, cara. – Disse seu amigo, um cervo de rosto amarronzado com a tinta de camuflagem já bem borrada. Recostou-se contra uma das paredes da trincheira, descansou seu fuzil no colo e bebeu de seu cantil. – Precisamos descansar antes de realizar a missão.

-VOCÊ precisa descansar! Eu vou continuar. Me passe o C4. Preciso estourar muita gente hoje. – Grunhiu o furão, de cara amarrada, estendendo sua mão ao cervo.

-Não é possível que você ainda esteja nessa pilha toda por causa do bolinho. – Revirou os olhos e deu um novo gole, ignorando a granada que explodira a poucos metros. – Nós sobrevivemos uma manhã infernal, vimos companheiros morrendo, matamos muitas pessoas, quase fomos mortos várias vezes e você tá preocupado por vingar teu bolinho?!

-Eu estou te falando que temos um espião no nosso pelotão. – Insistiu Alby, com uma expressão maníaca no rosto sujo de terra. – Um maldito espião que sabe qual área íamos percorrer para a emboscada.

-E que, antes de avisar nossos inimigos, comeu teu bolinho de chocolate. – Completou o cervo, com voz irônica – Não vê que isso é maluquice tua? Aposto que você o comeu faz uma semana e nem se lembra.

-Aquele era o bolinho do dia D. – Contestou ele, friamente. – O bolinho do dia D deve ser comido no dia D. Sabe por quê, cervo? Porque no dia D…

-“Nós podemos morrer com honra”, sim, eu sei.

-Exato. E eu tinha guardado esse bolinho para este dia como motivação para não morrer até hoje. E então vem um espião filho de uma cadela e o come! Como você quer que eu esqueça?

Ouviram um gemido bem perto deles e o corpo sem vida de um soldado inimigo caiu em sua frente, na trincheira. Eles estavam recuperando terreno.

-Precisamos ir embora daqui, cervo, e completar o plano B que eu idealizei. Ou você me dá o C4 ou eu vou te tirar à força!

-Ah, branquelo, não me enche, vai… – Disse, desdenhoso, levando o cantil à boca novamente. Ele mal teve tempo de reagir ao ataque surpresa do furão, quem largara seu fuzil e começara a vasculhar os bolsos do colete do cervo à procura do explosivo. – Ei, espera, p… PARA COM IS…

-O que é isto…?

O furão segurava um pedaço de papel. Um pedaço de papel amassado que o cervo guardara aquela manhã no bolso, antes de entrar em formação para receber o sempre motivador discurso de seu sargento. Aquele pedaço de papel que escondera em seu bolso, dedicando uma ultima lambida nos lábios, ao ver que seu amigo de longa data chegava. Ainda podia ver vestígios de farelo sobre ele.

-A… Alby, eu… Desculpa…

Alby sequer respondeu. Seus olhos escureceram, sua expressão adotou um ponto de frialdade que, em meio ao caos que estavam enfrentando transmitia a mais pura loucura. Ele se levantou, ignorando o perigo de ser atingido, apontando o fuzil que acabava de recuperar do solo. Sem hesitar por nenhum segundo.

-E A MISSÃO? E NOSSA AMIZADE?

Alby o fitou por um momento e sua expressão de serenidade se transfigurou em uma careta de fúria que atormentaria os sonhos de qualquer um.

-FODA-SE O MUNDO! VOCÊ COMEU A PORRA DO MEU BOLINHO DO DIA D!!!

E apertou o gatilho. O fuzilamento foi violento e durou tempo o suficiente como para o cartucho acabar. Alby, tranquilamente, recarregou e continuou a disparar. Pelo bolinho. Pelo maldito bolinho do dia D.

-PELO BOLINHO DO DIA D!

Até que o C4 que havia nos bolsos do cervo foi atingido. Até que uma explosão o abraçou calorosamente e destruiu completamente a trincheira onde estavam, sem causar grandes danos ao exército inimigo.

Ironicamente, a meio quilometro dali, o resto do batalhão caía numa armadilha, como se o inimigo soubesse exatamente para onde estava indo. Tarefa de um espião, talvez. Isso nunca saberiam. Tampouco saberiam que dia D, um par de horas mais tarde, seria anunciado como um fracasso aos altos cargos do exercito da nação atacante.

O cervo, porém, morreu sabendo de uma coisa: O Bolinho do Dia D estava uma delícia.

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